DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: FÉ CEGA NO MERCADO OU POLÍTICA ECONÔMICA SOBERANA ?
- Remo Bastos
- 10 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2024

Foi publicado na Revista Latitude, da Universidade Federal de Alagoas, meu artigo "ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PARA OS PAÍSES DO SUL GLOBAL: FÉ CEGA NO MERCADO OU POLÍTICA ECONÔMICA SOBERANA?".
O artigo examina, à luz da Sociologia do Desenvolvimento, as estratégias de desenvolvimento econômico efetivamente adotadas pelos primeiros países que conseguiram de fato alcançá-lo, pelos que tardiamente o fizeram e pelos que ainda não conseguiram.
Mostro claramente que os primeiros países a se industrializarem (dos quais foi possível trazer de forma sucinta a experiência concreta de Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e França) nunca aceitaram resignadamente aquelas “vantagens comparativas” que, de acordo com a perspectiva neoclássica, a “natureza” supostamente lhes teria destinado, deixando essas recomendações para os países da periferia capitalista, subjugados pela estrutura institucional de dominação global utilizada por aqueles países pioneiros para impor os seus interesses econômicos e políticos.
Longe disso, trataram de inicialmente proteger a sua indústria infante mediante elevadas barreiras tarifárias e contando com o forte apoio do Estado em tudo que fosse necessário para o florescimento, o desenvolvimento e a consolidação de sua indústria de elevado valor agregado, passando a praticar um comércio mais aberto e pregar o livre-comércio somente após atingirem as suas respectivas supremacias industriais.
Portanto, resta patente que esses países se industrializaram porque por décadas, ou mesmo séculos, os seus Estados e as suas elites tiveram a argúcia e a sagacidade de fomentar e proteger as suas indústrias infantes, desprezando e resistindo à cantilena do livre-mercado astutamente entoada por aqueles países pioneiros e sua institucionalidade de dominação geopolítica.
Em termos mais explícitos ainda: entenderam e alcançaram com clareza suficiente a necessidade estratégica e soberana de manter, por alguns anos, ou mesmo décadas, indústrias ineficientes, enquanto estas não conseguissem a eficiência, porquanto é muito mais inteligente estrategicamente para um país subsidiar momentaneamente uma indústria ineficiente do que se fiar exclusivamente na fábula das “vantagens comparativas”.
No que tange aos países de desenvolvimento tardio, ocorrido já no século XX, viu-se que, emulando o sagaz posicionamento dos países europeus continentais em relação à Inglaterra nos dois séculos anteriores, a Coreia do Sul (escolhida como caso paradigmático no presente artigo para representar esses países) teve que “nadar contra a corrente” das prescrições da mencionada institucionalidade de dominação geopolítica e resistir às suas ingerências, com vistas a superar suas fragilidades econômicas e sociais estruturais, por meio do delineamento de um projeto de desenvolvimento nacional soberano, que contou com o envolvimento ativo de todas as classes sociais desta sociedade.
Desprovida de uma burguesia que pudesse assumir a liderança e a responsabilidade pela industrialização do país, coube ao Estado inicialmente suprir este papel, conduzindo o processo de transformação estrutural pelo qual a economia daquele país precisava passar e criando as condições necessárias para que as empresas nacionais pudessem investir e inovar, tendo em vista que essas condições em um país de industrialização tardia não são herdadas, precisando ser criadas, por meio de políticas direcionadas para esse fim, tendo o Estado como principal articulador e promotor.
O êxito da estratégia catapultou a Coreia do Sul de um pobre país de economia rural para uma das maiores potências tecnológicas do mundo.
De outra sorte, ao falharem em proceder como a Coreia do Sul e todos os demais países que não acataram as recomendações dos organismos internacionais a soldo da neo-oligarquia global, seja por qual motivo tenha sido, a esmagadora maioria dos países da América Latina (utilizou-se neste artigo o Peru como representante) e da África, ou não conseguiram nem mesmo iniciar o processo de industrialização, ou estancaram em alguma de suas etapas, alguns inclusive regredindo, em uma fatídica marcha de desindustrialização (como é o triste caso do Brasil).
Este artigo procura mostrar a trajetória histórica percorrida, com seus desafios e encruzilhadas, e as estratégias de desenvolvimento adotadas pelos países que tiveram êxito em industrializar suas economias e passaram a operar no mercado global com maiores níveis de soberania e de competitividade, com todos os benignos desdobramentos sociais decorrentes.
Deixo, portanto, humildemente à sociedade brasileira uma alternativa teórica de soerguimento nacional a ser democrática e conscientemente analisada, em um momento em que nossa nação passa por uma das maiores crises de sua história, a despeito dos enormes potenciais humano e natural dos quais é dotada.
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